Hellboy: The Science of Evil [Analise]

"Hellboy", criado pelo artista Mike Mignola, foi uma escolha inusitada, e ao mesmo tempo brilhante, para estrelar um grande filme para o cinema em 2004. Isto porque ele é um grande demônio vermelho que age como adolescente, evocado na 2ª Guerra pelas forças de Hitler, que acabou se tornando uma espécie de agente secreto dos EUA em casos com temática sobrenatural.

O estranho herói é astro das mais diversas e interessantes histórias, que renderam até uma continuação para o cinema este ano, e claro que os videogames poderiam aproveitar bem todo o rico universo do personagem. Pena que "The Science of Evil" não faz esforços para isto e tenta, na melhor das hipóteses, copiar a fórmula de "God of War" e similares.

Pancadaria até o fim

Hellboy precisa socar todos aqueles que aparecem em seu caminho até encontrar seu arqui-inimigo, o cientista alemão Herman Von Klempt. É mais ou menos o que dá para entender da história, diante dos esforços pífios da produtora Krome em tentar montar uma narrativa. Você simplesmente é jogado nos estágios da mesma maneira, que são intercalados por algumas cenas que não dizem muita coisa, e deve abrir seu caminho na base da porrada.

É o mesmo esquema sempre. Você anda por tumbas, florestas, desertos, castelos e outros cenários, esmurrando inimigos até que o jogo permita que você passe para outra área e faça tudo novamente. São ataques fortes, fracos e combos simples, com alguns golpes especiais realizados através da retenção dos botões e do lançamento dos oponentes contra elementos dos cenários. É divertido por alguns minutos, já que os controles funcionam bem, mas depois a fórmula se esgota diante da falta de maiores incentivos ou lampejos de criatividade.

Um grande exemplo da preguiça dos desenvolvedores são as lutas contra os chefões, que evocam momentos clássicos das histórias em quadrinhos e copiam descaradamente as fórmulas de "God of War". Para enfrentá-los, você deve pressionar botões na ordem correta ou lançar objetos contra eles. Com certeza é a mesma mecânica, mas a Krome não conseguiu entender que o jogo da Sony era muito mais do que isto, havia uma grande sensação de envolvimento, de grandiosidade, de desbravamento, que aqui infelizmente não existe. Aqui só existe um vazio, uma série de movimentos mecânicos sem graça ou empolgação.

Da geração passada

Para tornar a experiência ainda mais traumática, a produção do jogo é extremamente pobre. Desde os menus aos vídeos, tudo parece ter sido feito com um orçamento reduzido, cortando custos em toda parte. Os modelos são pobres e reutilizados à exaustão, tornando enjoativo surrar os mesmos inimigos a todo instante. Isto sem falar no uso quase criminoso das repetidas expressões do herói, que acabam transformando-o em um sujeito extremamente chato - mesmo que seja com a voz do ator Ron Pearlman, que interpretou o personagem no longa. No geral, é uma experiência audiovisual que quase lembra jogos da geração passada, diante da falta de cuidado.

A versão para PSP, criada pelo pessoal da Big Ant Studios, consegue ser ainda pior, uma desgraça total. Além de algumas pequenas mudanças na mecânica, ela consegue ser ainda mais pobre. Há quedas brutais nas taxas de animação, texturas estouradas, falta de dublagem e todo tipo de problema. Hellboy pode até não ser um herói de primeira grandeza, mas não precisava de um